sexta-feira, 28 de maio de 2010

Quando vem a vontade de dormir....

*Primeiro eu queria agradecer a ela por falar "Sobre Suicídio".

Sabe eu já estive do outro lado do vidro, fui eu quem precisou de aparelhos para respirar e lavagem no estômago para não perder a vida.
Sim, fui eu que não tive a coragem de enfrentar a vida, tão jovem... Fui eu que tive coragem de mais em me aproximar da morte. Sabe na hora foi minha melhor amiga, minha melhor opção.
Quanto mais eu olhava pra frente mais eu a via, não como todos falam, uma ceifadora com a foice, mas algo macio e sonolento, muito gostoso.
A vida, essa dói, dói tanto que a primeira coisa que fazemos ao nascer é chorar, ninguém nasce sorrindo. Mas pessoas morrem sorrindo, então pensei, não deve ser tão ruim assim, e a verdade? Não foi.
Ruim foi voltar a vida:
Quando abri os olhos me deparei com uma cegueira branca, causada pelas luzes que os médicos colocavam sobre mim, depois quando tentei respirar, não pude, pois eles tentavam colocar algo rígido em meu nariz,uma sonda que me causava uma dor insuportável, quando pensei que estaria livre disso, comecei a sentir ondas geladas, como facas de gelo passando dentro do meu estômago, eles haviam iniciado a lavagem estomacal.
Sabe, como uma criança, a primeira coisa que fiz ao (re)iniciar a vida foi chorar.... Sabe escrevendo isso agora me dá vontade de chorar,não sei se de tristeza  por não ter conseguido ou de alegria por estar aqui.
De pensar que antes disso eu nunca havia me dado conta de quão dolorosa a vida é. Sabe eu tinha mil braços prontos para me tirar do abismo onde eu havia me colocado, mas eu só conseguia olhar para o sol.
E ele queimava meus olhos, e me cegava.
Acho que tudo o que aconteceu me serviu de lição, e não vou fazer a rehabilitada não, a lição de verdade é que ir de encontro à morte é muito mais confortável que entrar, ou mesmo, lutar pela vida.
Uma vez me deixei levar pela vontade de dormir, é assim que eu chamo o que fiz, afinal foi minha aventura pessoal.
E depois do que aconteceu tentei me convencer durante muito tempo que o que havia acontecido não era nada, só tomei um sonífero a mais.
1°- Não era sonífero.
2°-Foram 3 caixas.
Minha vontade, honestamente, era de morrer, forte ou meio dramático, essa é a história. Durante minha vida toda apoiei minha felicidade em pessoas que me abandonaram, me deixaram sozinha, e por não saber como lidar com a solidão resolvi simplesmente desistir. E a culpa não era das pessoas que seguiam com suas vidas, mas minha que sempre fui carente de mais, e esperei de mais, e me senti sozinha de mais. Depois disso eu vi que fui errada, e que a nossa felicidade não está nos outros, mas sim em nós mesmos. E ainda hoje, sabendo disso eu apoio minha felicidade nas pessoas, não pense que não passa pela minha cabeça a vontade de dormir. Ela nunca saiu de lá.
Mas as coisas melhoraram quando aprendi a ficar sozinha, e perceber que não existe compania melhor que a minha.
As pessoas me perguntam porque eu não busquei ajuda, não fiz terapia... Eu busquei, eu fiz.
Só que a gente chega a um limite, uma corda bamba, onde ninguém pode te ajudar a sair lá do meio, só você. E é necessário uma força descomunal, que eu não tive. E acho que ainda não tenho.
Sei reconhecer que as pessoas vêem em mim alguém forte, indelicado, decidido. Isso se chama exteriorizar algo que você gostaria de ser, mas não necessariamente algo que se é.
Falar sobre esse assunto nunca foi muito bom pra mim, eu nunca havia me sentido muito à vontade, mas hoje após uma leitura percebi que eu queria falar disso, pois não era ficção, aconteceu comigo.
As pessoas me questionam pela forma que sou, dizem que não levo a vida a sério, ou que não quero simplesmente dar as costar para o mundo e viajar, e viver, não me recordo de alguém ter perguntado quais os motivos que me levaram a isso, cada um assumiu sua opinião pessoal sobre isso, e jamais quiseram saber a verdade.
Pois bem, a verdade, é que eu não conseguirira te dar um motivo apenas, o motivo foi a vida, as decepções, as desobertas, as não descobertas, as minhas fraquezas, defeitos e qualidades.
Foi olhar pra trás e ver que as pessoas que eu me importava tanto não se importavam tanto assim comigo, elas iam e vinham enquanto eu estava à beira do caminho esperando que alguma delas me chamasse para caminhar também, às vezes é só disso que a gente precisa, um convite.
E eu te falo, pra mim a vida não é algo que se deva levar tão a sério, pois é algo tão frágil e dolorido, que não merece tanta atenção. Ela simplesmente nos seduz, como uma sereia aos navegadores, e nos arrasta para o abismo, e quando você chega lá.... a vontade de dormir te acolhe de braços abertos. E você se sente tão bem que pensa, como eu não soube disso antes?!
Sei que luto todos os dias pela minha vida, pela força necessária para seguir em frente, é o bastante?
Não sei mas ainda estou aqui, não intacta, mas lutando...

Um comentário:

Adrielly Soares disse...

Eu li mas acabei não comentando.
Faz bem de usar a escrita.
Vai te ajudar mais que dois bons ouvidos.

Beijo, eu teria gostado mais ainda no texto se ele não fosse autobiográfico.